terça-feira, 7 de agosto de 2012

Palestra com Stefano D'Anna

Deliciosa oportunidade de ouvir (e falar) com o autor do livro que me impressiona tanto. Deixo aqui algumas anotações, quase uma enumeração de tópicos, feitas após tê-lo ouvido. A ideia é registrar o que ficou na memória e deixar um apelo ao mestre Rodrigo e aos meus queridos colegas que também estiveram presentes: complementem, comentem, corrijam. Sem maiores pretensões (e sem maiores delongas) aqui vai o resumo:  

Os gregos estabeleciam a diferença entre as pessoas: os seres humanos comuns, cujas vidas não deixavam marcas duradouras e os heróis, seres mais próximos dos deuses que realizavam façanhas extraordinárias. 99,9% da humanidade vivem o sonho coletivo, de crescer, casar, constituir família, etc. e 0,1% têm uma vida baseada no Sonho. Essas pessoas têm um ideal, algo em que acreditam profundamente, que é mais importante que a própria vida, que vai além de si mesmo.

A integridade é um elemento fundamental na vida. Procuramos nos sentir inteiros, completos. Quando brindamos, encostando os copos e ouvindo o som, procuramos integrar os cinco sentidos, adicionando a audição aos já contemplados sentidos de visão, tato, paladar e olfato presentes no ato de se beber. Essa é uma busca constante. O ser humano almeja a completude. A universidade deveria ser o lugar onde a pessoa que se sabe incompleta vem para conseguir atingir a integridade. Ir para a universidade deveria significar caminhar para o Uno, ir para o Uno. A ideia de integridade também está presente na palavra religião (religare) que propõe estabelecer uma conexão com a origem, com o aspecto espiritual. Mas esse processo de se religar, de se completar não é feito coletivamente. Trata-se de uma caminhada individual. É o indivíduo através do sonho e do autodesenvolvimento que altera seu destino. Na medida em que se torna um “sonhador” e que emerge realizando aquilo que sonha, exerce uma influencia imensa no seu meio, na humanidade, no mundo. A cidade de Roma, feita para durar uma eternidade, tem como mito a história dos dois irmãos, Rômulo e Remo. Um deles desaparece, pois uma realização desse porte só pode ser originada de um sonho individual.
O ser humano comum vê os feitos excepcionais como algo que não está ao seu alcance. Somos levados a crer em limitações e nos tornamos reféns de crenças que estabelecem padrões de condutas restritivos. A crença em limites, na falta, faz com que as pessoas se sintam compelidas a se tornar “predadoras”, sem nenhuma consideração pela totalidade (integridade) da sociedade. Abandonar essas e outras correntes é um dos caminhos para ser íntegro. A solidão e o silêncio são também elementos importantes nessa trajetória. Sendo um processo profundamente interno não pode ser exatamente “ensinado”. É preciso que haja um despertar do sonhador, seja qual for o campo de seu interesse.

“We have to wake up the dreamers and let the dreamers do their magic.”

Um comentário:

  1. Adorei também quando ele falou da relação entre as palavras "heroi" e "eros" - tem que amar para querer viver o sonho!

    Parabéns pelo Blog, posso compartilhar?

    Bj Pá

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