quarta-feira, 26 de setembro de 2012


                Carta aberta ao Nibiru


 
 
Prezado Nibiru

No momento, você é uma celebridade. Aproveite enquanto é tempo, pois pelo jeito sua fama não vai durar muito. Segundo dizem, sua passagem vai causar uma série de desastres em escala planetária: terremotos, tsunamis, vulcões, catástrofes de toda sorte e para todos os gostos. Confesso que não simpatizei muito com você, mas há sempre aqueles que acham que a solução do mundo passa pela sua destruição. Compreendo o raciocínio. Parece que é mais fácil demolir uma casa e construir uma nova do que reformar. E a Terra parece uma casa difícil de ser renovada...

Como não há provas concretas da sua presença, acreditar no tão aclamado “Fim do Mundo” é uma questão de gosto, de estilo pessoal. Há aqueles que tentam se prevenir, encontrar uma saída, um bunker, uma caverna, um meio de sobreviver caso algo de mais grave advenha. Eu os admiro, mas faço humildemente a pergunta: O que conseguimos controlar realmente? Conservar-se sereno, atrelado a sua essência me parece o maior feito possível.

Os Maias dizem que estamos no “tempo do não-tempo”, entre um era e outra.  Pois eu acho que o ser humano vive “entre tempos” desde sempre: desconectado do momento presente, inconscientemente repetindo seu passado, desejando ou temendo um futuro que o assombra, perdido no viés de pensamentos confusos.

A ameaça iminente, a aniquilação com data marcada pode representar um aprendizado. Pois diante de um evento dessa magnitude a opção mesquinha e medrosa de adiar a vida perde todo o sentido. Que tal viver o presente integralmente? Que tal se perguntar sem mais pudores: Quando foi a última vez que dancei e ri desvairadamente?  Que sonho posso realizar agora? Que pessoas quero encontrar, abraçar? A quem quero expressar meu amor mais profundo? Que tipo de peso inútil (ressentimento, rancor, mágoa...) ainda conservo? E afinal, o que estou esperando para compreender, perdoar e viver mais leve?

Como disse o Dalai Lama: O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido”.

 

Caro Nibiru, que você venha ou que não venha, na verdade, não me importa. A lição da possibilidade da sua existência é clara. A vida é preciosa, é um dom, e como tal merece ser saboreada, vivenciada, agradecida AGORA. Todo resto é ilusão de mentes faladeiras.

Que você, eu e todos os seres de todos os mundos sejamos felizes.

Cordialmente.

Marise