domingo, 29 de abril de 2012

A lança de duas pontas


Que mal poderia haver em uma lança com duas pontas?
Simbolicamente, ela representa a energia pouco direcionada e a falta de foco.
Cada ponta sinaliza para um lado. Não há soma, mas divisão. A vontade não é concentrada, mas oscila e se dispersa. Dessa forma, embora exista, o progresso permanece limitado. É como se a vida estivesse restrita a um certo "comprimento de onda", entre o vai e vem das duas polos, entre a realização e esperança e entre o esforço formal e pouco significativo e a desistência. É como um precedente, um chamado sempre atualizado para a autoindulgência, o abandono dos projetos, o desistir.
A lança com uma ponta e o enfeite no outro extremo é a manifestação de uma visão clara, pois o avançar depende inteiramente da postura interna, do acreditar mesmo diante de dificuldades. É o caminhar na neblina sabendo que em breve veremos o Sol, uma convicção de que aquilo pelo que se luta virá.
Quantas vezes deixamos de desejar algo só porque parece muito grande ou muito distante?
Quantas vezes não nos desesperamos por causa de relacionamentos, subitamente descrentes de que seremos felizes?
Quando nos permitimos duvidar e regredir incessantemente nos impedimos de realizar nosso sonho, de conquistar o que buscamos. A gangorra do positivo e negativo se torna um expediente inconsciente. Estamos robotizados, programados para não quebrar nenhum limite. Os recordes são para os atletas. Vamos ficar antes da linha de chegada.
Assim sendo, nada melhor do que se perguntar humildemente sobre a lança de duas pontas. Se ela existe em sua vida é hora de trocar de artefato, construir um novo estar no mundo baseado na possibilidade de acertar e vencer.

sábado, 28 de abril de 2012


A Lança

A jovem índia tinha três mestres: o Xamã, o Sábio Ancião e o Guerreiro. Embora estivesse evoluindo, muitas vezes falhava e se envolvia em disputas vazias ou sentia o coração pesar de ressentimento. Aquele fora um desses dias. Seus mestres não a pouparam e ela ouvia desgostosa que havia errado.
Por fim, cansado de vê-la resistir o Guerreiro desafiou-a para uma luta. Ela aceitou surpresa e empenhou-se desafiadoramente. Lutava segurando uma lança de duas pontas, gritava e se agitava muito. Quando percebeu a inutilidade de seu esforço quebrou a lança no meio e arremssou-a ao chão, com uma fúria quase infantil. O Guerreiro parou imediatamente e com impassibilidade falou:
_ Você tem que parar de quebrar a lança.

A índia silenciou. Era a primeira vez que fazia aquilo. Primeira? Em sua memória vieram cenas e mais cenas de ocasiões em que havia desisitido, abandonado um projeto, deixado de acreditar em um ideal ou até em uma pessoa. Ela tinha "quebrado a lança" inúmeras vezes, parado no meio do caminho e recusado a continuar, preferindo se sentir frustrada ou incapaz.

_ Mesmo que você não possa mais agir fisicamente, em sua mente você pode continuar avançando. Mesmo se estivesse paralizada poderia caminhar através do Sonho. Mantenha a mente em foco.

Toda a irritabilidade e inconformismo da jovem indígena haviam desaparecido. Concentrada, observava cada movimento do Guerreiro.
Ele fabricou outra lança e entregou-lhe. Ela tinha apenas uma ponta e um enfeite na outra.

_ O seu caminhar não pode ser ida e volta. Você tem que saber para onde vai e ir adiante. Saiba o que quer fazer e faça. A desistência não faz mais parte do caminho.

 O Guerreiro desapareceu. E a jovem índia segurando sua nova arma ficou muito tempo pensando. Tinha compreendido. O tempo das desculpas havia acabado. Era preciso adentrar a mata e alcançar seu lugar no mundo. 

domingo, 8 de abril de 2012

Escola dos Deuses

Nova York. Um executivo bem sucedido, casado, dois filhos. De repente, após mais um esforço para glorificar sua existência vazia ele se dá conta da insignificância de suas buscas, de sua vitória medida em número, em marcas, em aparência.
Surge então Dreamer, um Mestre espiritual, fazendo-o  rever todos os conceitos, os caminhos que havia trilhado. Tem início uma verdadeira revolução na sua consciência e também na consciência dos leitores. Não há mais possibilidade de autoengano: somos os responsáveis, os criadores de tudo o que nos acontece. Acabaram-se as desculpas, inicia-se um outro tipo de viver, não mais baseado na mecanicidade, na repetição de atos sem sentido, mas na busca do contato interior, no despertar daquilo que nos motiva, do que nos faz sair da programação geral: o Sonho!
Segundo o Dreamer, "o sonho é a única realidade."
Não se trata do devaneio vago, mas de uma vontade maior.
O sonho de igualdade e dignidade de Martin Luther King, o sonho de Gandhi de ver a India livre, o sonho de Madre Teresa de vencer a fome, o sonho de Yogananda de atingir a iluminação. Esse sonho não se apaga diante das dificuldades, nem se modifica ao sabor do vento. Não é uma vaidade da personalidade, mas um querer da alma.
O que realmente nos motiva? Por que nos levantamos de manhã da nossa cama?
Mesmo que o Sonho esteja adormecido, lembrar que ele existe, lembrar que podemos viver sobre novas bases é  desafiador, é motivador. Buscando o sonho podemos a cada dia dar mais um pequeno passo em direção da nossa alma, podemos escolher ao invés de encolher os ombros diante do que já é estabelecido.  Sonhar é o despertar para uma grande energia de vida, a energia de quem acredita fazer a diferença, ser o portador de uma nova realidade.
A famosa frase de Walt Disney é emblemática: "Aquilo que você pode sonhar, você pode realizar."