segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Frases que fazem a diferença

 

Neste último dia de 2012, por que não apreciar a sabedoria de homens e mulheres que iluminaram o mundo?

Um pequena seleção de pensamentos de grandes almas:

 
“Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para ou outros- abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. Olhe cada caminho com cuidado e atenção, tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo, uma pergunta: Possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma.”
(Don Juan - Carlos Castaneda)


"Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem. Esse é o principal imperativo da mulher sábia. Viver para que os outros também se inspirem. Viver do nosso próprio jeito vibrante para que outros aprendam conosco."
(Clarissa Pinkola Estés - A Ciranda das Mulheres Sábias)

 
"O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido."
                (Dalai Lama)


"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?
Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E, à medida em que deixamos nossa luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas  a permissão para fazer o mesmo.” (Nelson Mandela)
 
“É essencial que a pessoa primeiro aprenda a cantar plenamente sua própria canção e então, como parte de suas necessidades humanas, encontre uma maneira de expressar sua relação com os outros, ou com a raça humana. Só desta maneira atuamos e vivemos como um todo coerente e assim fortalecemos e mobilizamos nossa própria capacidade de autocura.”
(Laurence Leshan)
 
"Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda."
(Jung)

                                                                       
                 
 

 
 

sábado, 29 de dezembro de 2012

FINAL DE ANO

Para viver o Novo precisamos romper velhos acordos.


Não nos lembramos, mas em algum momento e lugar no passado, firmamos acordos que permanecem inegociáveis com pais, irmãos, qualquer pessoa que tenha tido maior relevância na nossa vida. Também não nos lembramos de como construimos histórias nas quais somos personagens que fazem sempre o mesmo papel. E é muito perturbador quando histórias e acordos começam a se revelar para nós.
A verdade é que  para mudarmos o rumo de nossas vidas não basta declarar no dia 31 a lista de  nossas boas resoluções. Para que elas se materializem deve haver uma harmonia, uma convergência entre o que é falado - e que meu ego acredita naquele momento ser verdadeiro - e meu eu profundo, meus processos inconscientes.
Se os acordos de infância, as premissas segundo as quais vivemos forem contrariadas, continuaremos a não cumprir o que dizemos desejar agora.
Felizmente, diversas linhas de terapias podem auxiliar a trilhar o caminho de volta para casa. Entre aquelas que não são tão conhecidas, cito Bert Hellinger que desenvolveu o conceito de "Constelações Familiares" segundo o qual criamos uma lealdade (inconsciente) a padrões de comportamentos existentes em nosso "clã" mesmo quando estes nos são claramente prejudiciais. Já o Xamanismo compreende as doenças físicas e psicológicas como o resultado de  Energia aprisionada, o que ocorre quando nos encontramos diante de uma situação traumática.
De qualquer forma, existem meios que tornam possível resgatar pedaços de nós perdidos pelo caminho. Para tanto é preciso que esses aspectos nossos sejam reconhecidos e se tornem conhecidos.
Assim, parar fazer o Novo, para viver o Novo precisamos romper velhos acordos. Rasgar antigos contratos que preconizam comportamentos que não nos cabem mais, que dividiam o mundo e o sucesso nos agraciando com uma fatia mínima, que estipulavam que para existirmos precisávamos dos olhos dos outros.
Então, antes de fazer a tradicional lista de desejos para 2013, faça uma lista anulando todos esses acordos indesejáveis e queime.
Sinta que sua alma ganhou espaço, que agora é toda sua e assim, preecha-a com seus mais lindos sonhos. Acrescente uma simples e definita cláusula: que eles se manifestem MESMO na sua realidade.
Sejamos felizes!

RITO DE PASSAGEM


Estou sentada dentro do meu aquário vendo as nuvens passarem.

Lá fora, chove e depois faz sol. Atenta ao movimento dos astros, me enterneço.

Sou visitada por pássaros, borboletas e até um eventual urubu. Vêm e vão. Comigo, permanecem apenas as plantas e os animais domésticos, domésticos como eu.

Mas abaixo de toda essa aparente calmaria existe uma selvagem belicosa, ansiando por grandes espaços e montanhas rudes, por cachoeiras de água gelada e animais que não se curvam ao homem. Coisa que São. Essa porção intacta se esforça para ganhar terreno em um mundo codificado entre o bem e do mau, o certo e o errado, o bonito e o feio... e ir além dele. A cada dia, secretamente, eu me preparo para subir as escadas, saltar os muros e avançar. Esse ser beligerante não pode ser contido entre quatro paredes nem em lugar nenhum. Meus objetivos, meus projetos de ano novo? Ir Mais Longe, mais longe até do que jamais imaginei. Reúno energia para romper com o passado e despir roupas antigas que me impedem de respirar, as tais lealdades à tristeza, ao modesto, ao diminuto.

Os grandes espaços me chamam. E eu, peço ao universo que me estenda a corda e puxe. Estou agarrada a ela e pronta para começar a jornada. Agora.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


                Carta aberta ao Nibiru


 
 
Prezado Nibiru

No momento, você é uma celebridade. Aproveite enquanto é tempo, pois pelo jeito sua fama não vai durar muito. Segundo dizem, sua passagem vai causar uma série de desastres em escala planetária: terremotos, tsunamis, vulcões, catástrofes de toda sorte e para todos os gostos. Confesso que não simpatizei muito com você, mas há sempre aqueles que acham que a solução do mundo passa pela sua destruição. Compreendo o raciocínio. Parece que é mais fácil demolir uma casa e construir uma nova do que reformar. E a Terra parece uma casa difícil de ser renovada...

Como não há provas concretas da sua presença, acreditar no tão aclamado “Fim do Mundo” é uma questão de gosto, de estilo pessoal. Há aqueles que tentam se prevenir, encontrar uma saída, um bunker, uma caverna, um meio de sobreviver caso algo de mais grave advenha. Eu os admiro, mas faço humildemente a pergunta: O que conseguimos controlar realmente? Conservar-se sereno, atrelado a sua essência me parece o maior feito possível.

Os Maias dizem que estamos no “tempo do não-tempo”, entre um era e outra.  Pois eu acho que o ser humano vive “entre tempos” desde sempre: desconectado do momento presente, inconscientemente repetindo seu passado, desejando ou temendo um futuro que o assombra, perdido no viés de pensamentos confusos.

A ameaça iminente, a aniquilação com data marcada pode representar um aprendizado. Pois diante de um evento dessa magnitude a opção mesquinha e medrosa de adiar a vida perde todo o sentido. Que tal viver o presente integralmente? Que tal se perguntar sem mais pudores: Quando foi a última vez que dancei e ri desvairadamente?  Que sonho posso realizar agora? Que pessoas quero encontrar, abraçar? A quem quero expressar meu amor mais profundo? Que tipo de peso inútil (ressentimento, rancor, mágoa...) ainda conservo? E afinal, o que estou esperando para compreender, perdoar e viver mais leve?

Como disse o Dalai Lama: O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido”.

 

Caro Nibiru, que você venha ou que não venha, na verdade, não me importa. A lição da possibilidade da sua existência é clara. A vida é preciosa, é um dom, e como tal merece ser saboreada, vivenciada, agradecida AGORA. Todo resto é ilusão de mentes faladeiras.

Que você, eu e todos os seres de todos os mundos sejamos felizes.

Cordialmente.

Marise

 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Curar, Curar-se

O Mestre reuniu à sua volta três mensageiros imateriais, um ser humano e representantes de outros seres que habitam o planeta. Olhou para a mulher e disse:
_"Você julgou ser melhor do que os outros, superior aos animais, às plantas, aos minerais. Você separou e segregou por causa da forma, da cor, das crenças. Você acreditou ter poder para tirar e manipular a vida do planeta. Olhe, agora e veja o que resta.

Uma cúpula de luz branca desceu sobre todos eles.

_"Você deve ser capaz de ver a Luz em todos os seres humanos."
_"Mas, Mestre, se eu apenas enxergar a Luz como vou me defender daqueles que podem representar uma ameaça? Como vou fazer uso da minha intuição."
_"Você usará sua intuição e saberá como distinguir, mas poderá ver em dois níveis. Aquilo que julga negativo, do qual deve se desviar e aquilo que emana no fundo de cada ser, além do seu comportamento, além do que faz. Deve enxergar os dois aspectos e ativar, conscientemente, a Luz. É preciso se alinhar com ela, principalmente quando houver sombras. Você é capaz de ver a Luz em cada ser humando, em cada ser?"
_"O que podemos fazer, Mestre, para ajudar?"
_"Imagine o Planeta Terra como se ele estivesse suspenso em um pedestal invisível. Imagine descer sobre ele uma luz dourada muito intensa. Ela penetra em todo o planeta e limpa rios, montanhas, entra no próprio núcleo da Terra e segue, iluminando tudo e todos que aqui estão. Imagine agora que todas as dores, os sofrimentos e os desvios aqui manifestados vão saindo sob a forma de uma substância escura. No momento em que essa substância sai da Terra ela desparece e cessa de existir. Agora, cada um deve fazer isso consigo mesmo. Imagine essa Luz que desce e limpa todo o seu interior, seus órgãos, sua imaterialidade. Tudo o que é desarmônico escorre para a Terra e a Luz que banha a Terra faz com que sua carga seja também eliminada. Alinhe-se com a Luz. Lembre-se: o amor é a maior força que existe."

Palestra com Stefano D'Anna

Deliciosa oportunidade de ouvir (e falar) com o autor do livro que me impressiona tanto. Deixo aqui algumas anotações, quase uma enumeração de tópicos, feitas após tê-lo ouvido. A ideia é registrar o que ficou na memória e deixar um apelo ao mestre Rodrigo e aos meus queridos colegas que também estiveram presentes: complementem, comentem, corrijam. Sem maiores pretensões (e sem maiores delongas) aqui vai o resumo:  

Os gregos estabeleciam a diferença entre as pessoas: os seres humanos comuns, cujas vidas não deixavam marcas duradouras e os heróis, seres mais próximos dos deuses que realizavam façanhas extraordinárias. 99,9% da humanidade vivem o sonho coletivo, de crescer, casar, constituir família, etc. e 0,1% têm uma vida baseada no Sonho. Essas pessoas têm um ideal, algo em que acreditam profundamente, que é mais importante que a própria vida, que vai além de si mesmo.

A integridade é um elemento fundamental na vida. Procuramos nos sentir inteiros, completos. Quando brindamos, encostando os copos e ouvindo o som, procuramos integrar os cinco sentidos, adicionando a audição aos já contemplados sentidos de visão, tato, paladar e olfato presentes no ato de se beber. Essa é uma busca constante. O ser humano almeja a completude. A universidade deveria ser o lugar onde a pessoa que se sabe incompleta vem para conseguir atingir a integridade. Ir para a universidade deveria significar caminhar para o Uno, ir para o Uno. A ideia de integridade também está presente na palavra religião (religare) que propõe estabelecer uma conexão com a origem, com o aspecto espiritual. Mas esse processo de se religar, de se completar não é feito coletivamente. Trata-se de uma caminhada individual. É o indivíduo através do sonho e do autodesenvolvimento que altera seu destino. Na medida em que se torna um “sonhador” e que emerge realizando aquilo que sonha, exerce uma influencia imensa no seu meio, na humanidade, no mundo. A cidade de Roma, feita para durar uma eternidade, tem como mito a história dos dois irmãos, Rômulo e Remo. Um deles desaparece, pois uma realização desse porte só pode ser originada de um sonho individual.
O ser humano comum vê os feitos excepcionais como algo que não está ao seu alcance. Somos levados a crer em limitações e nos tornamos reféns de crenças que estabelecem padrões de condutas restritivos. A crença em limites, na falta, faz com que as pessoas se sintam compelidas a se tornar “predadoras”, sem nenhuma consideração pela totalidade (integridade) da sociedade. Abandonar essas e outras correntes é um dos caminhos para ser íntegro. A solidão e o silêncio são também elementos importantes nessa trajetória. Sendo um processo profundamente interno não pode ser exatamente “ensinado”. É preciso que haja um despertar do sonhador, seja qual for o campo de seu interesse.

“We have to wake up the dreamers and let the dreamers do their magic.”

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

                                 SOL

Em Belém do Pará chove todo dia. Assim, os compromissos são marcados "antes ou depois da chuva". Muito simpático.
Comigo tem acontecido o mesmo, Quando posso, organizo minhas obrigações para "antes ou depois do sol." Eu explico: entre 15 e 18 horas minha varanda fica banhada de sol e não há nada mais agradável e necessário para mim neste momento do que ficar bem instalada na minha confortável chaise longue, tendo como companhia minha cadela, minhas plantas e um bom livro.
Magicamente, a conversa interna silencia, as preocupações cotidianas e a cobrança dos afazeres tratam de desaparecer.Tenho diante de mim a bela vista do horizonte e posso até distinguir cantos de três pássaros diferentes o que, convenhamos, é um privilégio para um habitante de São Paulo.
Estar lá, nesses minutos preciosos, é me dar o direito de simplesmente existir, respirar, ver, estar presente. Tão simples e ao mesmo tempo, tão esquecido por nós humanos trabalhadores que não paramos de nos movimentar e trabalhar e circular e levar e trazer filhos e ...
O Ser que está em nós e o Sol são da mesma família, a família da natureza, tão afastada de criaturas que andam sobre rodas em asfalto. E a natureza, seja lá sob qual forma, parece sempre dizer: "Lembre-se de quem você é. Lembre-se de quem você é".
E eu estou lembrando a cada dia em que me permito estar sob o sol.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Conselhos para mim mesma


Quando doer, deixe doer.
Quando amar, deixe-se amar.
Chega de fazer economia. Vai guardar para quê?
Sentimentos são luzes que carregamos no peito. Então, por que viver com o dimmer acionado?
Olhe no olho, na cara da vida e veja. Quando se reconhece o sentimento, tudo silencia. Apenas observe o quadro.
Seja ele qual for, aceito-o abrace-o e abrace-se, pois amar nunca é demais.
Se no tabuleiro de xadrez não houvesse duas cores, o jogo não existiria. Sem desafios, qual o sabor da vida?
Avançamos, às vezes pela alegria, às vezes, pela dificuldade.
O mais importante é transcender o par de opostos aparentes e atravessar todo o tabuleiro, de preferência dançando.
Essencial é estar vivo sobre cada casa.
Assim, se doer, deixe doer e se amar, ame com paixão.
Autorize-se, de uma vez por todas, a ser plena a manifestar a sabedoria selvagem que respira dentro da alma.
Estar presente, inteiramente, é o que realmente importa.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desapegar-se

Nunca chorei por causa de um vaso quebrado ou de um vestido manchado e sempre doei alegremente tudo o que não usava mais. Por muito tempo achei fácil desapegar-me.
Pois bem, hoje descubro que é bem menos simples do que não se afligir pela dança dos objetos. Os apegos mais resistentes são os da alma.
Vestimos nossas experiências como se elas fossem nossa essência. Uma dificuldade familiar passa a ser um trauma que carregamos dentro da bolsa como nossa identidade e nossos sucessos e qualidades são exibidos como uma bela maquillagem sem a qual não nos deixamos ver.
Mas, afinal, quem sou eu? Um acúmulo de vivências que acredito me definirem?
Desapegar-se verdadeiramente é deixar as lembranças fazerem parte do arquivo da memória como lições que foram vividas e que não tem mais nenhuma importância. São o passado.
É abrir sua bolsa cheia de histórias pessoais, glórias e infortúnios e deixá-los voar como borboletas soltas ao ventos como papel picado que se espalha e enfeita o ar por um momento. É olhar e Ver. Eu vivi isso. Foi assim. Mas eu não sou isso. Eu Sou.
Dissociar a Força Vital das experiências de vida pode não ser muito fácil. Mas é uma escolha que possibilita nos abrirmos para o verdadeiramente novo. Desapegar-se para recriar-se está ao nosso alcance a cada momento. 

domingo, 29 de abril de 2012

A lança de duas pontas


Que mal poderia haver em uma lança com duas pontas?
Simbolicamente, ela representa a energia pouco direcionada e a falta de foco.
Cada ponta sinaliza para um lado. Não há soma, mas divisão. A vontade não é concentrada, mas oscila e se dispersa. Dessa forma, embora exista, o progresso permanece limitado. É como se a vida estivesse restrita a um certo "comprimento de onda", entre o vai e vem das duas polos, entre a realização e esperança e entre o esforço formal e pouco significativo e a desistência. É como um precedente, um chamado sempre atualizado para a autoindulgência, o abandono dos projetos, o desistir.
A lança com uma ponta e o enfeite no outro extremo é a manifestação de uma visão clara, pois o avançar depende inteiramente da postura interna, do acreditar mesmo diante de dificuldades. É o caminhar na neblina sabendo que em breve veremos o Sol, uma convicção de que aquilo pelo que se luta virá.
Quantas vezes deixamos de desejar algo só porque parece muito grande ou muito distante?
Quantas vezes não nos desesperamos por causa de relacionamentos, subitamente descrentes de que seremos felizes?
Quando nos permitimos duvidar e regredir incessantemente nos impedimos de realizar nosso sonho, de conquistar o que buscamos. A gangorra do positivo e negativo se torna um expediente inconsciente. Estamos robotizados, programados para não quebrar nenhum limite. Os recordes são para os atletas. Vamos ficar antes da linha de chegada.
Assim sendo, nada melhor do que se perguntar humildemente sobre a lança de duas pontas. Se ela existe em sua vida é hora de trocar de artefato, construir um novo estar no mundo baseado na possibilidade de acertar e vencer.

sábado, 28 de abril de 2012


A Lança

A jovem índia tinha três mestres: o Xamã, o Sábio Ancião e o Guerreiro. Embora estivesse evoluindo, muitas vezes falhava e se envolvia em disputas vazias ou sentia o coração pesar de ressentimento. Aquele fora um desses dias. Seus mestres não a pouparam e ela ouvia desgostosa que havia errado.
Por fim, cansado de vê-la resistir o Guerreiro desafiou-a para uma luta. Ela aceitou surpresa e empenhou-se desafiadoramente. Lutava segurando uma lança de duas pontas, gritava e se agitava muito. Quando percebeu a inutilidade de seu esforço quebrou a lança no meio e arremssou-a ao chão, com uma fúria quase infantil. O Guerreiro parou imediatamente e com impassibilidade falou:
_ Você tem que parar de quebrar a lança.

A índia silenciou. Era a primeira vez que fazia aquilo. Primeira? Em sua memória vieram cenas e mais cenas de ocasiões em que havia desisitido, abandonado um projeto, deixado de acreditar em um ideal ou até em uma pessoa. Ela tinha "quebrado a lança" inúmeras vezes, parado no meio do caminho e recusado a continuar, preferindo se sentir frustrada ou incapaz.

_ Mesmo que você não possa mais agir fisicamente, em sua mente você pode continuar avançando. Mesmo se estivesse paralizada poderia caminhar através do Sonho. Mantenha a mente em foco.

Toda a irritabilidade e inconformismo da jovem indígena haviam desaparecido. Concentrada, observava cada movimento do Guerreiro.
Ele fabricou outra lança e entregou-lhe. Ela tinha apenas uma ponta e um enfeite na outra.

_ O seu caminhar não pode ser ida e volta. Você tem que saber para onde vai e ir adiante. Saiba o que quer fazer e faça. A desistência não faz mais parte do caminho.

 O Guerreiro desapareceu. E a jovem índia segurando sua nova arma ficou muito tempo pensando. Tinha compreendido. O tempo das desculpas havia acabado. Era preciso adentrar a mata e alcançar seu lugar no mundo. 

domingo, 8 de abril de 2012

Escola dos Deuses

Nova York. Um executivo bem sucedido, casado, dois filhos. De repente, após mais um esforço para glorificar sua existência vazia ele se dá conta da insignificância de suas buscas, de sua vitória medida em número, em marcas, em aparência.
Surge então Dreamer, um Mestre espiritual, fazendo-o  rever todos os conceitos, os caminhos que havia trilhado. Tem início uma verdadeira revolução na sua consciência e também na consciência dos leitores. Não há mais possibilidade de autoengano: somos os responsáveis, os criadores de tudo o que nos acontece. Acabaram-se as desculpas, inicia-se um outro tipo de viver, não mais baseado na mecanicidade, na repetição de atos sem sentido, mas na busca do contato interior, no despertar daquilo que nos motiva, do que nos faz sair da programação geral: o Sonho!
Segundo o Dreamer, "o sonho é a única realidade."
Não se trata do devaneio vago, mas de uma vontade maior.
O sonho de igualdade e dignidade de Martin Luther King, o sonho de Gandhi de ver a India livre, o sonho de Madre Teresa de vencer a fome, o sonho de Yogananda de atingir a iluminação. Esse sonho não se apaga diante das dificuldades, nem se modifica ao sabor do vento. Não é uma vaidade da personalidade, mas um querer da alma.
O que realmente nos motiva? Por que nos levantamos de manhã da nossa cama?
Mesmo que o Sonho esteja adormecido, lembrar que ele existe, lembrar que podemos viver sobre novas bases é  desafiador, é motivador. Buscando o sonho podemos a cada dia dar mais um pequeno passo em direção da nossa alma, podemos escolher ao invés de encolher os ombros diante do que já é estabelecido.  Sonhar é o despertar para uma grande energia de vida, a energia de quem acredita fazer a diferença, ser o portador de uma nova realidade.
A famosa frase de Walt Disney é emblemática: "Aquilo que você pode sonhar, você pode realizar."

segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma palavra, muitos sentidos

Falo tanto do Sonho que acho que é preciso dar uma explicação.
E a razão disso é muito simples: a palavra sonho goza, em geral, de má reputação.
O sonho é a ilusão, o autoengano, o devaneio, o pensamento esparso, disperso sobre algo irrealisável.
Quando dormimos, sonhamos. E quantas vezes não se diz: "Ah, os sonhos são tão confusos! Não consigo lembrar de nada!"
O sonho é fluido, é múltiplo como a personalidade, um tipo de desejo idealizado que muda de forma e de cor o tempo todo. Por isso, nos dizem: "Não se pode confiar nos sonhos, eles provocam sofrimento."
Os pais, para protegerem seus filhos, ensinam que a vida é dura, que é preciso ter os pés fincados na realidade e deixar de lado "idéias impossíveis".
Outro dia, ouvi a seguinte frase expressa com a mais pura intonação de orgulho: "Eu não tenho sonhos!"
Na verdade, o mundo não quer alguém sonhando acordado, no mundo da lua no meio do expediente e isso é claro!
Então, por que, de uma hora para outra, falar de sonho e proclamar a sua importância?
Porque a noção de Sonho da qual falo nasceu da leitura do livro (que eu recomendo) "A Escola dos Deuses", onde o autor, Stephano d'Anna, narra seu encontro e aprendizado junto a seu Mestre, o Dreamer. Assim, embora a palavra seja a mesma, o sentido é completamente diferente. Mas isso fica para uma próxima postagem... Suspense!

sábado, 24 de março de 2012

Sonho

Vamos deixar de lado os comentários corriqueiros sobre os eventos do dia, os assuntos rotineiros que escondem o fundamental.
Vamos falar da vida e da morte, do som e do silêncio, da paz e da angústia, da dor e da alegria, sem falsos pudores, sem alegorias.
Vamos falar do Sonho que acalentamos, não como se ele fosse
algo que "gostaríamos se houvesse a possibilidade", que "escolheríamos se nos fosse concedida a oportunidade", mas como algo essencial, visceral, a que se almeja, que se deseja, que avança, que se alcança.
Afinal, por sua grandeza e por sua natureza imaterial o Sonho se eleva acima dos pares de opostos, guiando o sonhador através da noite escura, fazendo-o vislumbrar o inimaginável e descortinar territórios incomuns.
Para fazer esse percurso, cheio de aventura e beleza é preciso ter coragem. É preciso despertar o sonhador dentro de nós.
Redescoberto, ressurge o encanto e deslumbramento que um dia sentimos quando crianças. E assim, renascidos e rejuvenescidos vamos falar do Sonho e depois...vamos vivê-lo! 

segunda-feira, 19 de março de 2012

 Essencial

Não ligo para moda
Eu só quero é ser bonita

Não ligo para o modo
Eu só quero é ser amada

Enquanto houver um rio
Que eu o atravesse a nado

Enquanto houver uma árvore
Que eu repouse à sua sombra

Livremente.
Muito além do conveniente.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alma itinerante

A cada dia que passa
Vou descascando um pedaço
Da minha alma escancarada
Envergonhada de se ver
E ao mesmo tempo curiosa
Por descobrir o que tem
Atrás dos portais brilhantes
Que tentavam escondê-la.
Cores irreconciliáveis
Paisagens do mundo dos sonhos
Passagens secretas para sabe–se lá onde.
Dores secretas explodindo
Rompendo com a ordem conhecida.
O que fazer com o limbo
Com a memória e os fiapos
De um mudo que não existe mais?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


O menino despenteado
 
Ela havia aprendido, não sei onde nem como, que se fosse perfeita poderia, talvez, ser amada. E por isso, em busca de afeto, foi se lapidando esperando encontrar o tão esperado reconhecimento. Foi também, ao longo do caminho, aprendendo a desprezar aqueles que não se dedicavam à tarefa de corresponder aos padrões ideais de conteúdo e forma. Padrões olímpicos. Recompensas, nem tanto.

Quando estava no 3º ano primário ouviu a professora dizer:

_Vocês farão duplas fixas durante todo este ano. Essas duplas farão os trabalhos juntas, se auxiliarão e trocarão experiências. Serão selecionadas por sorteio.

Então, a surpresa. Seu parceiro era o menino mais despenteado da classe. Ele dormia na aula, não se interessava por anda, não estudava nem fazia as lições. Gostava de brincar, jogar, assistir televisão. Ler? Nem pensar! Fazer trabalhos em grupo? Sem comentários. Além disso, não sabia jogar bola, nem pingue-pongue, não entendia de música, não conseguia nem mesmo fazer um desenho decente... Meu Deus, será que ele tinha alguma remota qualidade????? Ela que havia tentado criar a personalidade agradável, ser a primeira aluna, comportar-se “como uma mocinha” e que se exibia como se fosse um ser superior era obrigada a transitar, a explicar, a conviver com o pior dos meninos! Não era justo! Na verdade, ela sentia vergonha.

No início, espalhou para todos que não tinha nada a ver com aquilo, com aquele sorteio, com aquele menino, com a raiva que ele lhe provocava, com a vergonha que ele lhe causava, com os problemas escolares, com as humilhações que ele sofria, com o isolamento no qual se encontrava nas ocasiões em que ninguém sua companhia. Não. Aquele ser, evidentemente, visivelmente inferior não combinava com seu estilo, com seu vestuário, com seu piano e com suas mãos delicadas... Era algo que destruía qualquer tentativa de parecer perfeita. A ruína de um projeto de vida. Se ela tivesse tido opção, teria mudado de ano, de classe, de escola, teria fugido, fingido não conhecer...




Mas quis o destino que ela não tivesse escolha. Era ele e pronto.

Um dia passou e depois outro. E ela descobriu que o garoto despenteado ria muito mais do que ela. Ele se sentia imensamente feliz cada vez que alguém vinha em sua casa brincar. E embora precisasse também de afeto não estava pronto a negociar sua forma de ser e seus desejos para obtê-lo. Ele sabia que não era perfeito e que jamais o seria, mas esperava ser amado assim mesmo. Ela enfim percebeu que por trás daquele “desastre ambulante” havia um ser amoroso, inocente, de luz. Pela primeira vez, deixou de lado os pensamentos emprestados que mediam o mundo com a régua da crítica, abandonou sua alma de pedinte e enxergou com seus próprios olhos. E esses olhos podiam amar um "ser imperfeito".

E embora ela tivesse passado todo um ano tentando ensinar-lhe matemática, história, português era ele o verdadeiro mestre, pois demonstrou, sem nada dizer, que o amor não é uma moeda de troca, não pode ser negociável, não é conquistado como um prêmio em uma prova de resistência. O verdadeiro amor é dado, sem condições. E é esse amor que o menino despenteado veio ensinar ao mundo.
Enquanto você olhar o mundo medindo o valor de tudo, você verá o menino despenteado, desajeitado. Quando enxergar a realidade através do seu ser mais puro verá um menino de luz. Mas isso é segredo.

No ano seguinte, no momento do sorteio, a menina que se queria ser perfeita e que tinha certeza de que não era não esperou a professora perguntar. Segurou na mão desajeitada do seu amigo despenteado e declarou que gostaria de continuar a fazer dupla com ele. Afinal, seu aprendizado estava apenas começando.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Desembrulhando-se

Quem não gosta de ganhar presente? Quem não gosta de descobrir, embaixo de tudo o que o cobre, o conteúdo inesperado ( ou aguardado!) de um pacote especial? As vezes, passamos a vida nos dando presentes materiais e isso nos alegra, por algum tempo. Mas, entretidos com o brilho do que existe fora, esquecemos de  desembrulhar o nosso maior presente: a nossa alma. Não existe maior aventura, ou maior alegria do que ir retirando as camadas e camadas que a escondem.
Aos pouco vou descobrindo que aquela pessoa que tinha receio de abordar os outros não era eu, era um outro, uma noção importada que havia colado em mim como um durex. Hoje, minha alma tem outros planos.
Aos poucos, vou entrevendo os sonhos que haviam sido meio soterrados pelas convenções e aprisionados em nome das obrigações socias. Retiro essas fitas que prendiam minha alma e ela começa a respirar um pouco mais.
Contendo a furiosa vontade de viver e de experimentar tudo, havia um papel muito resistente chamado "você deve" e uma grande caixa opaca ocultava o brilho de um Ser ávido de felicidade.
Assim, ao avançar me "desembrulhando", vou encontrando tesouros inimagináveis. Ideias, antes tidas como inconcebíveis, passam a habitar o mundo dos vivos, do possível, do provável.
Haverá caminho mais inesperado do que trilhar o território interior, esquadrinhá-lo e discernir aquilo que nos pertence daquilo que acreditávamos ser nosso? Jornada longa, mas fascinante, cujo prêmio é encontrar-Se.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sem Limites

Tive um sonho muito curioso. Eu estava no alto de uma montanha da qual se descortinava um panorama impressionante: uma imensa cordilheira, vales em varios tons de verdes, um rio que avançava por entre as matas e um céu de luminosidade impressionante. Ao meu lado, um guerreiro indígena de estatura elevada contemplava a vista.
-"É maravilhoso". disse eu.
-"É. E eu me pergunto porque você ainda escolhe viver a vida como formiga..."

Perto de mim, havia um formigueiro e eu podia observar a diligente ação dessas criaturinhas entrando e saindo, cumprindo sua ação de sobrevivência. Olhei para ele esperando uma explicação.

_"Diante de tudo isso, de todo esse universo você ainda escolhe se preocupar como o infinitamente pequeno. Suas minúsculas preocupações cotidianas ocupam todo o seu pensamento e você simplesmente não vê o MUNDO que está a sua volta. Entra no formigueiro e não enxerga mais nada. Vive vida de formiga. Mas, a beleza, a grandeza e as possibilidades continuam aqui. Esperando.
_"Não há limites." continuou ele.
_"Os limites são ilusórios. Livre-se deles, enxergue e viva a vida."

Acordei. Ele tem razão. Vou sair do formigueiro, criar asas e explorar tudo o que o mundo pode oferecer.